terça-feira, 18 de agosto de 2015

Jussara Alves - Terceiro Sinal - Anna Sátt é a entrevistada


Anna Sátt é a entrevistada 




Anna Sátt é o nome artístico de Anna Carolina, é multi-instrumentista, cantora, compositora, educadora e família.
Educanda e posteriormente monitora de música na Fundação Gol de Letra, “com toda certeza”, como ela mesma diz, a Fundação tem participação importante em sua trajetória. “Lá destaquei ainda mais meu interesse pela arte. Atuei no teatro, dancei bastante salsa, samba rock, enfim, me descobri na música.”


--- Como começou a se envolver com música?
“Eu comecei na igreja, aliás, meus pais cantavam num coral da igreja, e pra mim era fascinante ver eles cantarolando pela casa, ou ensaiando juntos, principalmente quando eles tinham solos para fazer. O coral que eles estavam, exigia bastante técnica e prática; de fato aquilo me fazia viajar na maionese.” Iniciei essa vivência aos doze anos até que com quatorze decidi fazer aula de bateria e comecei a perceber que não me contentaria só com um instrumento. “Ainda não tinha composições. Nem imaginava a voz que tinha.”
"Me emociono lembrando dos poucos shows que fiz e minha família sempre esteve presente, principalmente meu pai."

--- Anna, você é compositora, multi-instrumentista, educadora e cantora, com qual dessas facetas você mais se identifica?
“Me identifico facilmente com o privilégio e responsabilidade de ser multi-instrumentista, acho que fica mais estampado pra mim, o que também não desvaloriza as outras funções. A identificação de tocar um montão de instrumentos faz um ‘ímã’ com outras ações, porém, o que eu realmente mais gosto é compor... me pego todos os dias compondo, não só músicas autorias, mas nas aulas semanais que aplico com meus alunos.”

--- Quais os instrumentos que ensina?
Todos os instrumentos populares, e canto. Teclado, Violão, Guitarra, Contrabaixo e claro, Bateria.
“O único instrumento que fiz aula, foi bateria, e até hoje encaro como meu instrumento original. Mesmo cantando tenho mais segurança com o violão. Lembro como se fosse hoje quando peguei o violão e sentei na sala da minha casa, em frente a uma tela de computador... Aprendi o restante tudo sozinha. Acredito muito em dom de Deus, um talento, transgressor.”


"Ter sido selecionada foi uma alavanca muuuuito grande, na qual me permitiu acreditar nas minhas composições e fazer daquele projeto o que de fato era a sua proposta... tirar as minhas músicas da gaveta."


-- Qual a participação e importância da sua família e mais precisamente das suas irmãs no seu trabalho musical?
É inevitável citar minha família, pois toda essa riqueza da música em mim, vem deles... Meus pais, minhas tias, meus primos, e enfim, minhas irmãs... puxa, elas realmente me dão muita força quando penso em desistir de banda, de cantar, de shows... coisa que só irmã faz. Me emociono lembrando dos poucos shows que fiz e minha família sempre esteve presente, principalmente meu pai. “Agora mesmo me veio a última vez que ele me viu no palco. Ele fotografava, andava pra lá e pra cá, fotografava de novo, sorria, era bem expressivo. Ah! A família, consegue me dar todo esse suporte e importância na música.”

--- Você já conseguiu realizar dois vídeos por meio de projetos, como foi essas experiências?
O primeiro vídeo foi realizado em 2012, quando ainda tinha 17 anos. Participei de um processo seletivo para o Projeto do VAI Temporada para Amigos. “Passei no processo seletivo, com muito tremor, por que eu era a mais nova profissionalmente e mais nova na idade também. Ter sido selecionada foi uma alavanca muuuuito grande, na qual me permitiu acreditar nas minhas composições e fazer daquele projeto o que de fato era a sua proposta... tirar as minhas músicas da gaveta, me dando a oportunidade de gravar a minha música junto com mais 11 bandas. Surreal.”
“O segundo vídeo, surgiu do nada, conheci um rapaz cujo projeto foi aprovado pelo VAI 2014. A ideia deste era resgatar um poucos dos músicos das periferias, ou aqueles que fazem música boa e não são vistos, ou estão estagnados por aí. Que era exatamente como eu fiquei depois da morte do meu pai por vários fatores, e é interessante ressaltar, que quando fui escolhida para gravar este clip, criei expectativas em mim, e daí a nova música aconteceu... vários sentimentos foram depositados nela. Tenho maior orgulho neste clip, por que minha mãe sempre pedia pra eu cantar músicas evangélicas, ou que deveria ir pra igreja e tal, e de repente ela começava a pedir que eu cantasse a minha nova música autoral, sempre quando tinha reuniões em casa, ou quando ela precisava se gabar, do talento dos filhos rs, e dizia que foi a melhor música que já fiz, e sempre pedia pra cantar para os amigos...”

--- Você também já gravou algumas músicas autorais no CCJ Cachoeirinha, não é? Como foi essa experiência?
Sim, conheci o Centro Cultural da Juventude Cachoeirinha numa visita junto com a turma do curso PET – Programa Educação para o Trabalho – Novas Conexões, do Senac, que estava fazendo na Fundação Gol de Letra. “Logo quando soube que um dos benefícios para a comunidade era um estúdio de música, para bandas sem bagagens, disposto a gravação e de graça! Fui de cara. Consegui gravar 3 músicas em mais de vinte datas rs, realmente era difícil... por que eu quis gravar todos os instrumentos sozinha, e tínhamos apenas quatro horas por dia e acreditem, não era o suficiente. As gravações lá foram: Sem amor eu nada seria, Réié e Essencial. Todas músicas autorais.
Gravei outras músicas em mais dois estúdios: Te convencer, Uma louca tempestade, Lanterna dos afogados e a minha música do último clip, Ansiedade.”

--- Como você identifica seu estilo musical?
“Antes, achava que era MPB, depois fui vendo que era pop, depois pop rock... hoje nem consigo distinguir... acho que o problema é que gosto de tudo rs.”

--- Quais suas influências?
“Minhas influências até são bem ecléticas, referências de soul, pop, MPB, funk... Em nomes: Ellen Oléria, Jorge Vercílio, Snark Puppy, Ana Carolina, Lulu Santos... e nesses nomes, acarretam uma diversidade de música contemporânea, contra tempos...’

-- Que artista que você conhece, que ainda não é conhecido da grande mídia, que indicaria para conhecermos o som?
Rafael Bicudo, Carla Casado e Fernando Diniz.


"Recebi o comentário de uma das minhas irmãs, uns dias atrás, de que minhas músicas são bem clichês..."


-- Qual sua maior dificuldade com seu trabalho musical?
“Puxa, minha maior dificuldade... trabalhar com músicos que não tem a mesma visão que a minha. Até hoje tenho problemas com isso. Já passei por dois episódios de contar com músicos, e chegar no dia do show e eles não irem, ou quatro horas antes, o cara cancelar por ‘n’ motivos. Isso é uma das coisas que me chateou muito, em fazer shows.”

--- Quais seus planos futuros?
Como professora, ver meus alunos muito bem educados musicalmente, deixo sempre um pouco de mim com cada um deles, estudo diariamente cada um, para aplicar da melhor forma meus métodos, teorias e práticas. Modéstia a parte, tenho feito isso muito bem, por que o telefone não para de tocar. Os que já não fazem mais aulas, e os que ainda fazem, tenho certeza, que fiz um bom trabalho. Cantando, não busco um sucesso estampado, apenas procuro marcar as pessoas com a minha música, estou estudando pra deixá-las com mais firmeza, com mais vivencias. Embora recebi o comentário de uma das minhas irmãs, uns dias atrás, de que minhas músicas são bem clichês hahaha, ri muito quando parei pra perceber. Preciso amadurecer a Anna Sátt.

--- Porque se interessou em participar do Evento Multiartístico do Cena Norte?
Acho que é um leque e tanto de diversidades, novas experiências, novas amizades, novos palcos.


Conheça mais o trabalho de Anna Sátt:

Temporada para Amigos

Ansiedade

Coletânea - Só Mulheres

Jussara Alves é formada em Psicologia e Teatro. Atua como Articuladora Social no Programa Redes Sociais do Senac Santana. Gosta de clown, grafite, quadrinhos e crochê.

Liberdade, inclusão e diversidade são valores distintos: 
o Cena Norte apoia a expressão, entretanto não se responsabiliza pelas ideias de cada artista veiculadas nos artigos.

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