quinta-feira, 9 de julho de 2015

Carla Casado - Coluna Livre - Livre?










Livre?


Livre? Afinal o que é a liberdade? Segundo Cecília Meirelles:

"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda...”


Como saber o que é liberdade se é um sonho que ninguém explica, um sonho real que todos entendem e alimentam.
Ao propor uma coluna livre, é esse sonho alimentado de alguém, neste caso de quem escreve sem ter um tema definido, mas considerar a observação da vida e o desejo de manifestar como algo importante de ter espaço.
Aqui nesse lugar, quero compartilhar o exercício de estar livre pra escrever minhas percepções e colaborar nas reflexões que estão a minha volta. Limitadas muitas vezes, mas abertas e flexíveis e à disposição para o diálogo.
Escrevo agora de como quero escrever, a partir de que? A partir do viver, que é imbuído de saberes, das leituras que fazemos do mundo, bem como das leituras que dialogamos com os escritores que falam sobre o mundo.
A palavra livre, me faz refletir em identidade e cultura. Muitas pessoas ao se referirem à liberdade, querem garantir o seu direito de expressão, de ser, de viver e de escolher.
Vamos nos deter ao direito de ser, será que seríamos capazes de dizer exatamente como somos? Ao ler sobre identidade, o autor Antonio Ciampa, coloca que existe uma representação criada antes de nascermos, por exemplo ao ser filho de alguém já existe uma expectativa de um determinado comportamento social do que é ser filho. 
Considerando esse exemplo, nos deparamos com todos os papéis sociais que vivenciamos, os quais já trazem um modelo a seguir. Dentro do sistema capitalista, percebemos também as relações entre ser e ter.
Somos bombardeados com propagandas que associam produtos aos sentimentos e desejos humanos, na venda se promete um estado, mas a intenção é vender um produto que não tem nada a ver com o sentimento associado a ele. Como exemplo, a propaganda de margarina relacionada a uma família feliz, a de carro com liberdade, tempero com amor e assim vai.
A identidade individual é construída no diálogo com o coletivo, mantemos os papéis sociais, os valores, os modelos ou os transformamos de alguma maneira.
A liberdade, a sonhada liberdade, como vive-la? Somos seres culturais, só somos o que somos em contato com o outro, a aprendizagem de ser é coletiva. O passo está em refletir sobre o que construímos para observar se esse lugar é onde nos sentimos bem.
Refletir é pensar sobre o que estamos pensando e de onde vem esse pensamento. E se perguntar será que esse é o caminho? É ouvir, estar disponível para aprender e enxergar tudo não como algo pronto e sim a ser construído. Analisar onde estamos e lutar por nossas escolhas.
Valorizar processos e não só produtos, nessa proposta deixo aqui minha primeira colaboração no blog, sem rever o caminho da escrita, somente corrigir gramaticalmente. Sem grandes novidades, já que seguimos um padrão aprendido para ser comunicável, mas na intenção de registrar pensamentos que vão e vem e por isso mesmo as vezes fazem mais sentido em não responder mas plantar dúvidas e sem a intenção de tentar convencer.


*Bibliografia: CIAMPA, A. Costa – Identidade in “Psicologia Social: o homem em movimento” (LANE, Silvia; CODO, Wanderley (orgs).13ed. São Paulo:Brasiliense, 2001.








Carla Casado é cantora, compositora e artista educadora em música. Seu primeiro CD Resistência foi lançado em 2006, atualmente lançou seu segundo trabalho autoral, o EP Estrada. Também faz parte do Duo Sem Glúten junto a Nathalia Zanetti. Para conhecer seu trabalho visite seu site.



Liberdade, inclusão e diversidade são valores distintos: 
o Cena Norte apoia a expressão, entretanto não se responsabiliza pelas ideias de cada artista veiculadas nos artigos.


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